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domingo, 12 de junho de 2011

Protestos pacíficos

Sou favorável aos protestos pacíficos. Uma liberdade de expressão onde se respeita os direitos do outro e não se provoca danos sociais, apenas abrimos portas para reflexão.

Cem pessoas deitaram-se no Rossio por uma “democracia verdadeira”

A iniciativa, promovida pelo movimento “Democracia Verdadeira Já!” de Lisboa, surge depois de 12 dias de acampamento no Rossio e de várias assembleias, reuniões e acções nos dias seguintes, e que culminaram com uma carga policial e a detenção de dois activistas no sábado passado.

“A primeira coisa que nos mobilizou foi a repressão que houve aqui no Rossio, onde a polícia, ilegalmente, deitou ao chão muitas pessoas que, pacificamente e sem cometer nenhuma ilegalidade, pretendiam apenas debater os problemas das suas vidas e pensar novas formas de activismo”, disse ao PÚBLICO Renato, de 31 anos, um dos membros do movimento, confirmando que vão mesmo avançar com um processo judicial contra os agentes policiais que carregaram há uma semana sobre os manifestantes.

Madalena, de 33 anos, levou uma bastonada da polícia e fez questão de participar no protesto de hoje. “Estou aqui na continuação do protesto contra a democracia falsa em que vivemos”, disse ao PÚBLICO esta jovem desempregada, que lamenta ainda o facto de o país continuar no sofá. “Custa bastante ver que, numa crise tão forte como a que estamos a viver, o país continua muito calado no sofá. Acabamos por ser poucos a fazer uma luta de todos.”

Defendendo que o país “está a precisar não de uma, mas de várias revoluções”, Madalena diz estar disposta a ir “até onde for preciso”. “Não tenho um limite. É preciso que o medo nos dê coragem”, dizia com um sorriso nos lábios.

Já Alexandra, de 37 anos, vai “até onde o bom senso e as circunstâncias o exigirem”. Tem consciência de que a iniciativa de hoje, “por si só, não vai mover a sociedade toda”, mas acredita que “pode ser o início de um acordar de consciências”. “Estou aqui para me manifestar pacificamente contra a injustiça que existe em muitas áreas”, diz, confessando que é a primeira vez, desde a guerra das propinas na década de 1990, que decidiu “voltar a esforçar-se e a levantar a voz”.

Envergando um cartaz a reclamar “mais amor na política”, Inês está no movimento desde o princípio e garante que ali vai ficar enquanto continuar a “sentir que as acções fazem sentido e que as pessoas mudam”. “A iniciativa de hoje é uma forma metafórica de protestar contra a democracia que temos. Estamos cansados”, explica esta jovem de 23 anos. “Quero mais amor na política, pois para mim o amor é haver mais comunicação e justiça entre as pessoas. São dois conceitos muito próximos e, quando eles forem a mesma coisa, a sociedade será uma boa sociedade. É um bocado utópico, mas todas as crenças têm de ser um bocado utópicas”, justifica.

Renato acredita que a dinâmica dos protestos “vai naturalmente crescer”. “Tenho a história do meu lado. E, ao contrário do que nos pregavam nos anos 90, em que diziam que a ideologia estava morta, há muitas coisas a acontecer e, se há sítios onde o bater das asas da borboleta se nota, é no movimento social”, afirma este ex-estudante da Faculdade de Letras, depois de lembrar o que se passou no Egipto. “As coisas que vão acontecendo ajudam a reforçar esta dinâmica”, acrescenta.

A iniciativa de hoje contou com a participação solidária de Alberto, um espanhol de 22 anos que está em Lisboa desde Setembro de 2010 a estudar Biologia. “Estou aqui a lutar pela democracia verdadeira, que falta em toda a Europa”, diz. Alberto não tem dúvidas de que “a situação em Portugal é bastante parecida com Espanha e ao resto dos países mediterrâneos”.

As assembleias populares vão continuar e o movimento apela desde já à participação de “todos os indignados” na manifestação internacional do dia 19, que irá começar em frente ao Cinema São Jorge, em Lisboa.

sábado, 11 de junho de 2011

Debitocracia ou Divitocracia

Não gosto de debater política e nem me considero uma pessoa preparada para o fazer, porém achei este documentário extraordinário sobre a crise grega que está a causar polémica, feito por dois jornalistas gregos e que merece, pese a sua duração, ser visto, ouvido e analisado com muita atenção, quanto mais não seja como cultura geral.




Na Internet, toda a gente fala do documentário sobre a crise grega preparado pelos jornalistas Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou e que tem por título "Debtocracy". Rodado com dinheiro próprio e com donativos de alguns amigos, o filme tem exibição gratuita em http://www.debtocracy.gr. Em menos de dez dias, foi visto por 600 mil utilizadores. Todos os dias, defensores e adversários do documentário apresentam os respetivos pontos de vista no Facebook, no Twitter e em blogues.

Os principais atores do documentário (cerca de 200 pessoas) assinam um pedido de criação de uma comissão internacional de auditoria, que teria por missão especificar os motivos da acumulação da dívida soberana e condenar os responsáveis. No caso vertente, a Grécia tem direito a recusar o reembolso da sua "dívida injustificada", ou seja, da dívida criada através de atos de corrupção contra o interesse da sociedade.

"Debtocracy" é uma ação política. Apresenta um ponto de vista sobre a análise dos acontecimentos que arrastaram a Grécia para uma situação preocupante. As opiniões vão todas no mesmo sentido, sem contraponto. Foi essa a opção dos autores, que apresentam a sua maneira de ver as coisas, logo nos primeiros minutos: "Em cerca de 40 anos, dois partidos, três famílias políticas e alguns grandes patrões levaram a Grécia à falência. Deixaram de pagar aos cidadãos para salvar os credores".
Os "cúmplices" da falência perderam o direito à palavra.

Os autores do documentário não dão a palavra àqueles que consideram "cúmplices" da falência. Os primeiros-ministros e ministros das Finanças gregos dos últimos dez anos são apresentados como elos de uma cadeia de cúmplices que arrastaram o país para o abismo.

O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que se apresentou aos gregos como o médico do país, é comparado ao ditador Georges Papadopoulos [primeiro-ministro sob o regime dos coronéis, de 1967 a 1974]. O paralelo é estabelecido com uma facilidade notável desde o início do documentário mas não é dado ao personagem relevante (DSK) o direito a usar da palavra.

À pergunta "Porque não fazer intervir as pessoas apontadas a dedo", um dos autores, Kateina Kitidi, responde que se trata de "uma pergunta que deve ser feita a muitos órgãos de comunicação que, nos últimos tempos, difundem permanentemente um único ponto de vista sobre a situação. Nós consideramos que estamos a apresentar uma abordagem diferente, que faz falta há muito tempo". O público garante a independência do filme.

Para o seu colega Aris Hatzistefanou, o que conta é a independência do documentário. "Não tínhamos outra hipótese", explica. "Para evitar as limitações quanto ao conteúdo do filme, que as empresas [de produção], as instituições ou os partidos teriam imposto, apelámos ao público para garantir as despesas de produção. Portanto, o documentário pertence aos nossos 'produtores associados', que fizeram donativos na Internet e é por isso que não há problemas de direitos. De qualquer modo, o nosso objetivo é difundi-lo o mais amplamente possível."

O documentário utiliza os exemplos do Equador e da Argentina para suportar o argumento segundo o qual o relatório de uma comissão de auditoria pode ser utilizado como instrumento de negociação, para eliminar uma parte da dívida e do congelamento dos salários e pensões de reforma.

"Tentamos pegar em exemplos de países como a Argentina e o Equador, que disseram não ao FMI e aos credores estrangeiros que, ainda que parcialmente, puseram de joelhos os cidadãos. Para tal, falámos com as pessoas que realizaram uma auditoria no Equador e provaram que uma grande parte da dívida era ilegal", acrescenta Katerina Kitidi. Contudo, "Debtocracy" evita sublinhar algumas diferenças de peso e evidentes entre o Equador e a Grécia. Entre elas, o facto de o Equador ter petróleo.


Fonte original do vídeo:
http://www.debtocracy.gr

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A história de cada casal

Tenho atendido muitos casais com dúvidas sobre o continuar juntos ou desbravar novos mundos, porém asseguro que podemos desbravar, mudar a nossa forma de funcionar na relação, em relação, com relação e continuar casados com o mesmo parceiro. Aprendendo a descobrir quem surge de dentro para fora! É um processo!

Ao fazer terapia, cada um cresce, renova, muda e depois cada um reflecte se esse novo ser que surgiu em si e o novo ser que surgiu no outro, conseguem fazer um novo caminhar JUNTOS. Se não conseguem, lamenta-se, porém valeu o processo.
Se conseguem passam a viver uma relação mais CONSCIENTE.

Eu refiro a terapia porque é um processo intenso e se for bem vivido por cada pessoas faz uma mudanças fantásticas, porém os livros ajudam imenso, os filmes, as metáforas e actualmente com a Internet temos também uns vídeos interessantes.

Este vídeo, que é uma propaganda da operadora Vivo (Brasil) mostra uma história de amor de um casal desde o primeiro encontro, com as diferenças individuais e com os ajustes que foram fazendo.



Deixo aqui a indicação de um livro interessante para casais não acabarem a relação antes de ler. Chama-se "Todo o amor do mundo", Harville Hendrix, Ph.D. Editora CasadasLetras.



Making of


Desenho animado

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Reciclagem do lixo em Barcelona



SIm, é um investimento financeiro, porém é uma garantia de um excelente atendimento ao cidadão.

domingo, 5 de junho de 2011

O quarto de Emma Donoghue

"O Quarto”, da autora Emma Donoghue, www.roomthebook.com que foi considerado obra-prima em diversos países, chega ao Brasil por meio do selo Verus do Grupo Record. O livro foi publicado em mais de 30 países e eleito o melhor livro do ano por diversos meios de comunicação.


O livro conta a história de um menino, Jack, que aos 5 anos vive em um mundo que se resume a um pequeno quarto de 4 metro x 4 metro sem janelas. O espaço é divido com Ma, sua mãe. No ambiente existem apenas cama, armário, mesa, berço, fogão, televisão e banheira.

Para entreter o esperto menino, Ma desenvolve de maneira criativa brincadeiras, exercícios e procura ensinar-lhe o que Jack estudaria se pudesse ir à escola. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la.O único momento em que se separam é quando o velho Nick sequestra Ma e a mantém em cativeiro por sete anos.

Apesar de lhe proporcionar um ambiente lúdico e saudável, Ma sabe que isso é muito pouco para o menino. A curiosidade de Jack vai crescendo. Com uma linguagem especial e de forma sensível, Emma Donoughue conta em “O Quarto” a vida nesse ambiente sufocante, através da ótica infantil de Jack. Com viradas que prendem a atenção , o leitor vai acompanhar o desenvolvimento de Jack e sua mãe, até o ponto em que, finalmente, conseguem fugir das mãos do captor.

sábado, 4 de junho de 2011

Telefone da Esperança

porto@telefonedaesperanca.pt
* 960340851Mobile
* 222030707Home
Rua Duque de Loulé, 98 – 2º Esq. Porto


* http://www.telefonedaesperanca.pt
* http://telefonedaesperanca.blogspot.com/

Somos uma organização de voluntariado que actua nas áreas da acção social e da cooperação para o desenvolvimento. Oferecemos, de forma gratuita, anónima e especializada, um serviço permanente de ajuda por telefone ou presencial para apoiar pessoas em situação de crise emocional. Além disso, proporcionamos, através de cursos especializados, uma série de recursos eficazes para promover a melhoria da qualidade de vida emocional de cada pessoa e de cada família.

ORIENTAÇÃO POR TELEFONE (Já a funcionar em Portugal!)

O Telefone da Esperança oferece um serviço permanente de Orientação por Telefone, 3 horas por dia (período a alargar brevemente), todos os dias do ano (inclusive noites e quadras festivas) às pessoas que vivem alguma situação de crise.

Este serviço é especializado, gratuito (paga apenas o custo da chamada à sua operadora, se aplicável) e absolutamente confidencial. Do outro lado da linha, encontra pessoas formadas para o(a) apoia da melhor forma.
...
Caso necessite de quem o escute com respeito e cuidado, telefone-nos: 222 037 707. Todos os dias do ano, entre as 20 e as 23 horas, estamos disponíveis para o(a) escutar!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um pianista resiliente

Música. A história da teimosia de um grande pianista que não desistiu de ser maestro.
Um acidente travou a carreira de pianista de João Carlos Martins. Acabou por se tornar maestro e contou ao i como não desistiu do que diz ser o seu destino.

João Carlos Martins seguia num táxi em direcção à 57a Avenida, uma das transversais da 7.a, em Nova Iorque. O trânsito estava caótico, buzinas, confusão. Gente bem vestida e apressada numa corrida contra o tempo. "O que é que se passa aqui, que confusão é esta?", perguntou ao taxista. "Não sei quem é o gajo que vai tocar hoje no Carnegie, mas é por causa dele", ouviu. "Faça como quiser, mas leve-me lá rapidamente. Esse gajo que vai tocar sou eu!"

João Carlos Martins, pianista, foi considerado pela "New York Magazine" e pelo "Boston Globe" o melhor intérprete de Bach depois do lendário Glenn Gould. Aos oito anos já era um virtuoso e aos 13 apresentava-se nas melhores salas brasileiras. Com 18 estreou-se no palco do Carnegie Hall, em Nova Iorque, num concerto patrocinado pela ex-primeira-dama dos Estados Unidos Eleonor Roosevelt. Aos 23 gravou o "Cravo bem Temperado", êxito de vendas durante anos nos Estados Unidos.

Aos 26, quando estava alojado num hotel nova-iorquino para mais um espectáculo, espreitou pela janela. Lá em baixo estavam uns miúdos a jogar à bola e João Carlos Martins, fanático por futebol, foi ter com eles para "dar uns toques antes do concerto". A fatalidade atravessou-se-lhe no caminho e aquela decisão mudou-lhe a vida: a correr atrás da bola, entre os rapazes (também brasileiros), uma queda violenta roubou-lhe os movimentos da mão direita. Os dedos do pianista calaram-se naquele momento.

Com o sonho desfeito, a música é atirada para trás das costas, mas o ex-pianista estava decidido a dedicar-se a novos projectos. João Carlos Martins foi buscar o exemplo à infância. Mais precisamente ao pai, "que é português, de Braga", contou ao i. O pai teve um cancro aos 36 anos e os médicos deram-lhe poucos meses de vida: "Não o conheciam. Morreu num acidente de aviação com 102 anos, dando um exemplo de dinamismo até ao último dia da sua vida", conta.

Um ano depois do acidente de Nova Iorque, João Carlos não queria acreditar que tinha abandonado o piano. "Como era possível ter deixado a música?", questionava-se. Dia após dia praticava intensamente e descobriu que, se não usasse o dedo anelar, conseguia recuperar a velocidade dos restantes. Queria voltar ao Carnegie Hall e marcou novos concertos, mesmo sob o alerta do seu agente: "Já ninguém se lembra de ti. É difícil encher o Carnegie. Pensa melhor." Mas não havia volta a dar, porque o pianista queria mesmo subir ao palco e voltar a interpretar não só Bach, mas também Ravel, Tchaikovsky ou Ennio Morricone.

Por causa disso, aterrou em Nova Iorque e foi parar ao tal táxi da confusa Rua 57, receoso de chegar tarde ao seu próprio regresso aos palcos. O taxista americano lá conseguiu deixá-lo a tempo no Carnegie Hall e a apresentação correu "maravilhosamente. Foram precisas mais 300 cadeiras na sala, o que nunca acontece lá", conta.

João Carlos Martins continuou a fazer recitais de piano, ano após ano, espectáculo após espectáculo, até que: "Depois de sete anos de prática, fiquei com uma doença chamada lesão por esforços repetitivos (LER)." Devido ao esforço e à prática intensa do piano, os seus dedos começaram a ter movimentos involuntários e teve de deixar de tocar mais uma vez.

Mas voltou a não desistir: "Se pararmos de fazer o movimento repetitivo [tocar piano], o movimento involuntário é esquecido passados uns anos". Martins deixava de tocar, para voltar a tocar de novo.

O pianista nunca largou o seu alvo, mas por vezes parece que o destino desafia quem mais lhe faz frente. "Ao sair de uma teatro na Bulgária fui assaltado. Bateram-me com uma barra de ferro na cabeça." Caiu no chão, foi levado para o hospital e ficou em coma oito meses. Quando acordou, João Carlos tinha o lado direito paralisado. O piano calou-se novamente, e a luta recomeçou, dia após dia, um passo atrás de outro passo.

Um ano depois, volta a "fazer as tais 21 notas por segundo". João Carlos Martins volta ao Carnegie Hall. Dois anos depois, os médicos, em Miami, dão-lhe mais uma notícia brutal: "Vamos ter de cortar os nervos da sua mão direita e nunca mais vai poder tocar piano."

João Carlos Martins, pianista, começa uma carreira com a mão esquerda. O piano foge-lhe de novo quando um tumor "também rouba o controlo da mão esquerda".

Reviravolta A sua paixão pela música não permitiu que a abandonasse e, aos 64 anos, troca novamente as voltas à vida e aposta na carreira de maestro: "Superação é transformar a adversidade em plataforma", diz. Formou a Orquestra Bachiana Jovem e a Bachiana Filarmónica e depois fundiu-as. Voltou ao Carnegie Hall, agora "como regente", diz.

O maestro João Carlos Martins faz cerca de 200 concertos por ano. "Às 5h estou acordado, esteja onde estiver, para decorar as músicas", explicando que não pode virar as páginas das partituras ou usar uma batuta, por isso tem de memorizar as pautas.

"No ano passado foram 10 mil páginas. Quando você menos espera, o sonho corre atrás de si."

Em menos de um ano gravou 5 CDs e diz que quer mais: "Quero criar sempre". E por isso tem um novo projecto. "Criar mil orquestras jovens, em dez anos." As primeiras 180 vão estrear-se em Janeiro de 2012, em São Paulo. "Um Brasil musical diminui a criminalidade", acredita.

Justiça. Advogados juntam-se para defender crianças

Cinco advogados especialistas em Direito da Família fundaram associação inédita para dar voz às crianças na barra dos tribunais

É uma associação dedicada à protecção das crianças, mas dentro dos tribunais. Um grupo de advogados especialistas em Direito da Família juntou-se para criar um organismo de defesa dos direitos da criança. Rui Alves Pereira, Alexandre de Sousa Machado, Rita Sassetti, Leonor Vicente Ribeiro e Cristina de Sousa querem envolver magistrados, professores, psicólogos e pais numa organização "inédita" em Portugal, que garanta a defesa dos menores diante da Justiça. "Porque, por vezes, a legislação protege mais os pais do que as crianças", justifica Rui Alves Pereira.

A primeira batalha da associação - que já tem nome mas ainda está a aguardar confirmação de registo - será pela criação de um Código da Criança. Um documento que, explica o advogado, não existe no ordenamento jurídico português e serviria para congregar toda a legislação referente aos menores. "Enquanto advogados apercebemo-nos que há pessoas que não têm noção de toda a legislação, porque o que existe são decretos--lei avulsos", diz. Outro dos objectivos será promover conferências e debates - envolvendo profissionais das várias áreas ligadas às crianças - para reflectir sobre matérias jurídicas que levantem dúvidas, como a guarda conjunta, exemplifica o advogado. "Tem havido alguma confusão depois de, em 2008, se ter deixado de falar em poder paternal ou guarda para se passar a falar em responsabilidades parentais", diz Rui Alves Pereira. "Confunde-se responsabilidade parental conjunta com guarda conjunta, quando não é isso que resulta da lei. É uma questão controversa que está a preocupar juízes, procuradores e advogados", garante o advogado. Reflectir antecipadamente sobre estas questões é "fundamental, antes que qualquer dia, por força de um decreto, se imponha uma decisão desse género a uma criança, sem se saber se é o mais acertado", acrescenta.

O rapto internacional de crianças ou a alteração de residência do progenitor que detém a guarda do menor são outros assuntos a pedir debate. "O número de casamentos entre pessoas de nacionalidades diferentes está a aumentar e há casos em que depois do divórcio o membro do casal que detém a guarda dos filhos quer regressar ao seu país, o que levanta muitas questões jurídicas", sublinha Rui Alves Pereira.

O número crescente de divórcios também preocupa os advogados. "Importa mostrar à sociedade e aos pais que não podem confundir os papéis de marido e mulher com o de progenitores. Há pais que partem para o litígio sem compreenderem o que isso faz aos filhos. O casal acha que se assumir determinados comportamentos está a atingir a outra parte, mas está é a atingir a criança", avisa o advogado, que defende uma participação maior dos menores nos tribunais. "Há testemunhas dos pais e das mães, mas quem é a voz da criança? É preciso uma participação maior do menor, quer de forma directa, através da sua audição em tribunal, quer através das pessoas que estão em contacto com ela, como professores ou educadores", defende.

A associação de advogados deve começar a trabalhar "em breve", remata Rui Alves Pereira.