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sábado, 10 de março de 2012

Will Ferguson – Ser Feliz


...tenha em mente que Ser feliz se passa no futuro — no futuro próximo. Ah, digamos, daqui a dez minutos...

O mundo estava carregado de pessoas insatisfeitas, frustradas e complexadas correndo de um lado para o outro em existências vazias e sem sentido. Picaretas prometiam soluções milagrosas, loções contra a calvície, dietas revolucionárias, Coca-Cola diet realmente sem açúcar. Mesmo que nunca nenhum deles cumprisse a promessa, continuavam vendendo livros, vídeos, manuais, frases feitas para serem coladas na geladeira, etc. 

Tudo mudou quando um manual de auto-ajuda que realmente funcionava surgiu. Ele prometia que as pessoas parariam de fumar só de ler suas páginas. E as pessoas paravam. Prometia que ninguém mais beberia ou consumiria drogas. E isso realmente aconteceu. 

Os resultados foram catastróficos: as indústrias de fumo, de álcool, os traficantes e as instituições de recuperação, isto é, os pilares da civilização contemporânea, começaram a definhar e falir. 

Pior: a industria da moda foi à bancarrota, pois todo mundo começou a compreender que precisava se preocupar com o seu interior e não com a aparência; fábricas de produtos artificiais carregados de colesterol e elementos cancerígenos desapareceram, dando lugar para a agricultura de produtos naturais e saudáveis. E, em toda parte, no planeta inteiro, ninguém mais brigava, discutia ou xingava no trânsito: só ficavam dando-se abraços e votos de felicidade, pois todos eram felizes, felizes, felizes!
Em outras palavras, era o fim do mundo. 

O culpado por tudo isso foi Edwin De Valu, editor da Panderic Books Incorporated. Edwin odiava seu chefe -obviamente, odiava os colegas e odiava seu trabalho, tinha um caso mal-resolvido com a rechonchuda e sexy May e era casado com Jenni, que havia sido chefe de torcida na escola e que nunca teria olhado para ele se tivessem se conhecido em outra época. 

Por uma série de circunstâncias, principalmente a incompetência de Edwin e a estupidez de seu chefe, ele acabou publicando "O Que Aprendi na Montanha", de um cara chamado Tupak Soiree.
O livro tem mais de mil páginas, um apanhado total de todos os manuais de auto-ajuda que já surgiram na face da terra. E que realmente funciona, etc e tal.

Este é um livro sobre o fim do mundo e, como tal, envolve livros de receitas dietéticas, gurus do ramo da auto-ajuda, condenados rastejando por canos de esgoto, editores com excesso de trabalho, o colapso econômico dos Estados Unidos e a expansão do cultivo de alfafa. E acho que, a certa altura, uma das personagens também perde um dedo. Esta é a história de um apocalipse: Apocalipse Legal. Fala de uma devastadora peste de felicidade humana, de uma epidemia de abraços sonsos e calorosos, e de um trailer misterioso na orla de um deserto...

"Ser Feliz" é uma sátira arrasadora e definitiva da indústria de auto-ajuda. Engraçado, envolvente, divertido e emocionante, um fantástico jorro de bom humor como há muito tempo não se via. Mas é lógico que sua ironia cáustica e corrosiva não se limita a fazer piadinhas sobre os pauloscoelhos ou zibiasgasparettos norte-americanos. Ao descer a lenha neste segmento "cultural", Ferguson realiza uma autêntica lavagem de alma em toda a nossa vida moderna.


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