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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Espírito de coragem

Um filme para reflectir sobre a importância das relações humanas, formação e o conhecimento como base do crescimento, o sentido da vida ao encararmos a nossa profissão e o impacto das acções individuais nas outras pessoas.

Wit

Realizador: Mike Nichols

Actores: Emma Thompson; Christopher Lloyd, 2001

Há verdades tão simples, que depressa são esquecidas… Os empresários são pessoas como as outras e um dia irão morrer. É a história do filme, dura, crua e realista sobre o dia a dia de uma mulher que narra as suas últimas semanas de vida. Tem um cancro maligno. É internada e sujeita a fortes tratamentos. Os médicos dizem-lhe que o seu caso será objecto de estudo, devido à sua robusta condição física e psicológica. Ela era uma professora catedrática de sucesso. A sua área era a literatura inglesa e também a filologia. Tinha 49 anos e alcançara o topo da sua carreira. Era muito exigente, admirada por colegas e temida por alunos. Mas no leito da morte tudo tinha um novo significado e a sua vida é vista por um prisma diferente. Valeram a pena tantas atitudes frias e implacáveis com os estudantes? Transmitira só conhecimentos ou ferramentas para pensar? Um dos médicos que a examina, fora seu aluno. Fizera a sua disciplina por opção, para ampliar a cultura geral. Mas era pouco humano com os pacientes, com conduta distante… interessava-lhe era a investigação, tal como antes a sua professora se preocupava muito com os seus projectos de estudo e menos com as “pessoas” dos seus estudantes. Na cama de um hospital ela descobre o significado real da palavra, que até aí receava pronunciar: “bondade”. Com tanto medo de a referir, sussurra, enfrentando directamente a câmara. Mas di-la frontalmente e no filme, veremos como uma enfermeira se torna num contraponto do jovem médico e no final, ela vencerá contra a opinião do recém-licenciado…

Enfrentar um desafio como a própria morte tem mais a ver com Ingmar Bergman do que com Hollywood. Mas, aqui, o argumento vale a pena reter: o conhecimento é uma arma e uma defesa em qualquer ocasião. Como a doente era professora de literatura inglesa, procura dominar os novos termos técnicos da Medicina que ouvia à sua volta e rapidamente aprende a ler nas entrelinhas… Mais do que revoltar-se, tenta tirar partido da situação para viver o melhor possível o que lhe restam. O domínio da linguagem, dá-lhe forças e meios para comunicar e se fazer entender.

Ao longo do filme, vamos vendo como a formação recebida ao longo da vida foi moldando a sua personalidade e o seu modo de ser. A importância do pai que lhe incutiu o gosto e o interesse pela literatura ou os conselhos da professora que lhe abria horizontes, incentivando-a a descobrir na vida e não só nas bibliotecas, o sentido da escrita. Peter Drucker, nas suas memórias, diz como foi importante para a si, o papel desempenhado por duas professoras primárias, mais que os professores de gestão na Universidade.

Obrigatória a referência final à extraordinária interpretação da actriz, que ajuda a manter, no filme, uma atmosfera “british”, com pinceladas de bom humor, de correcção e com interpelações directas ao espectador, de uma frontalidade e sinceridade com que gostaríamos de ser tratados no nosso local de trabalho e nas relações humanas. É que, por detrás de tanta “aparência” e formalidade, esconde-se uma humanidade revelada nos momentos decisivos, como quando a velha professora vai visitar a paciente na hora da morte.

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